Banco Central inicia bloqueio em massa de chaves Pix para conter fraudes e lavagem de dinheiro

O Banco Central (BC) deu início a uma ampla operação de bloqueio de chaves Pix associadas a atividades suspeitas, golpes e movimentações irregulares em todo o sistema financeiro. A medida, que entrou em vigor no último sábado, tem como principal alvo as fintechs e os bancos digitais, responsáveis por grande parte das transações sob investigação, que podem chegar a R$ 50 bilhões, segundo a Polícia Federal.

A ação representa um novo esforço do BC para aumentar a segurança do Pix, sistema que transformou os pagamentos no Brasil, mas que também se tornou alvo preferencial de criminosos. As chaves bloqueadas foram identificadas pelas próprias instituições financeiras, que agora têm a obrigação de comunicar tais ocorrências ao Banco Central.

Além do bloqueio, o BC estabeleceu um limite de R$ 15 mil por operação para transferências via Pix e TED realizadas em instituições de pagamento que não possuem autorização para atuar como bancos. A decisão foi tomada após operações da Polícia Federal, como Carbono Oculto, Quasar e Tank, identificarem o uso de fintechs em esquemas de lavagem de dinheiro e movimentações artificiais de valores.

Com essas medidas, o BC busca coibir transações suspeitas entre empresas de fachada e carteiras digitais, usadas para ocultar a origem de recursos ilícitos e burlar sistemas de monitoramento.

Fim da agilidade? Novas regras e impactos

A ofensiva regulatória impacta diretamente o ecossistema de fintechs, que se expandiu rapidamente após a popularização do Pix, em 2020. Agora, as instituições financeiras digitais terão que intensificar o monitoramento de transações, utilizando bases de dados públicas e privadas para identificar contas suspeitas e rejeitar transferências antes de sua conclusão.

Caso uma operação seja barrada, o cliente será notificado de forma automática. Especialistas avaliam que as novas regras podem reduzir a velocidade de algumas operações, mas reforçam a credibilidade do Pix, que movimenta trilhões de reais a cada trimestre.

Devolução digital e contestação simplificada

Paralelamente, o BC tornou obrigatória a integração do botão de contestação de transações em todos os aplicativos financeiros. A medida visa digitalizar completamente o Mecanismo Especial de Devolução (MED), criado em 2021, permitindo que vítimas de fraude solicitem ressarcimento de forma ágil e segura.

Com a automatização, as solicitações passam a ser analisadas em tempo real, reduzindo prazos e aumentando a taxa de recuperação de valores.

Um novo capítulo na regulação financeira

A iniciativa do BC reflete uma tendência global de fortalecimento da regulação sobre pagamentos instantâneos. O modelo brasileiro, considerado um dos mais avançados do mundo, serve como referência para outros países que buscam equilibrar inclusão financeira e prevenção a fraudes.

A expectativa é que normas complementares sejam publicadas ainda este ano, ampliando a fiscalização e estabelecendo critérios mais rígidos para as instituições de pagamento. Com isso, o Banco Central deixa claro que a inovação no sistema financeiro deve andar lado a lado com transparência e responsabilidade.

A pergunta que fica é: até que ponto a maior segurança justifica uma eventual perda de agilidade? O debate segue aberto entre especialistas e usuários.

 

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