Um laudo pericial do Instituto de Criminalística de São Paulo atestou que o metanol encontrado em parte das garrafas de bebidas alcoólicas apreendidas na capital foi adicionado intencionalmente, descartando a hipótese de ter origem no processo natural de destilação.
A força-tarefa criada na última sexta-feira (3) para investigar a adulteração analisou dois lotes de produtos. Os peritos confirmaram que as concentrações da substância estavam acima do limite legal, indicando manipulação fraudulenta. O instituto não divulgou o número exato de garrafas analisadas, os tipos de bebida ou os locais das apreensões.
Além da análise química, os perícios incluem a verificação de embalagens para identificar indícios de violação ou reutilização, e a examinação documental de rótulos e lacres.
Impacto na Saúde Pública e Ações de Fiscalização
O estado de São Paulo contabiliza, até o momento, 18 casos confirmados de intoxicação por metanol, 3 mortes confirmadas e outras 7 sob investigação. Há ainda 158 casos suspeitos sendo apurados.
Em operação realizada na segunda-feira (6), a força-tarefa do governo apreendeu mais de 100 mil vasilhames vazios em um galpão clandestino na Zona Leste da capital. No total, desde o dia 29 de setembro, já foram recolhidas 16 mil garrafas. A ação fiscalizatória em bares e distribuidoras resultou na interdição de 11 de 18 estabelecimentos vistoriados, além da suspensão da inscrição estadual de seis distribuidoras e dois bares.
Linhas de Investigação
A Polícia Civil trabalha com duas hipóteses principais para explicar a contaminação. A primeira sugere que o metanol, um álcool industrial altamente tóxico, pode ter sido usado para higienizar garrafas reutilizadas que não passaram pelo processo de reciclagem adequado. A segunda possibilidade é de que a substância tenha sido utilizada para aumentar o volume de bebidas falsificadas, talvez por falsificadores que, sem saber, adquiriram etanol já contaminado.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, citou uma terceira linha, investigada pela Polícia Federal. Ele levantou a possibilidade de o metanol ter origem em tanques de combustível abandonados após uma megaoperação contra o crime organizado no setor de combustíveis, realizada no final de agosto.
O comitê informal de enfrentamento à crise foi criado para coordenar as ações e investigações em torno do caso, que já é considerado uma grave emergência de saúde pública.
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